sábado, 24 de agosto de 2019

A escola e a tecnologia (Módulo 4)

A escola e a tecnologia
Abertura do módulo  
Olá, professor(a), bem-vindo(a) ao Módulo 4!  
Para aprofundar o conhecimento, exploraremos algumas das referências que servem de inspiração na construção do componente Tecnologia e que permitirão a você traçar o panorama do cenário e refletir sobre o uso de tecnologia na escola.  
Como já mencionamos, a Base Nacional Comum Curricular e o Currículo Paulista foram tomados como referência para pensarmos esse novo componente. Além disso, procuramos inspiração em alguns outros documentos. Neste módulo, vamos saber um pouco mais sobre isso.  
Vamos lá?

Documentos fundamentais  
Base Nacional Comum Curricular (BNCC)  
É preciso garantir aos jovens aprendizagens para atuar em uma sociedade em constante mudança, prepará-los para profissões que ainda não existem, para usar tecnologias que ainda não foram inventadas e para resolver problemas que ainda não conhecemos. Certamente, grande parte das futuras profissões envolverá, direta ou indiretamente, computação e tecnologias digitais.  
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília (DF): Ministério da Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019.

A tecnologia na BNCC  
A menção à tecnologia perpassa todo o documento: no próprio nome e conceituação das áreas do conhecimento na etapa do Ensino Médio, nos componentes curriculares, nas habilidades... Aqui, destacamos uma das competências gerais da Educação Básica explicitada na Base e analisamos aspectos de cada trecho destacado:  

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (Brasil, BNCC, 2018, p. 9)

“Compreender, utilizar e criar” tecnologias nos remete a um crescente protagonismo do cidadão em relação aos recursos tecnológicos. Espera-se preparar o estudante, de forma que ele seja capaz de escolher, entre várias opções de tecnologias, de identificar a mais adequada para a realização de seus objetivos e, a partir disso, utilizá-la com desenvoltura. Além disso, é importante que ele o faça de forma consciente, com conhecimento sobre seus impactos. Por fim, mais do que simplesmente utilizar, ele deve estar apto a criar suas próprias ferramentas de base tecnológica, se necessário – elas podem ser, por exemplo, simples como uma planilha de orçamento doméstico ou complexa como um aplicativo, a depender de seus interesses, necessidades, habilidades e conhecimentos.

Atitude “crítica, significativa, reflexiva e ética” uma vez que, da mesma forma que a tecnologia a ser utilizada deve fazer sentido para seu utilizador ou criador, todos devem entender quais serão seus impactos individuais, sociais e ambientais.

“Comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” são aspectos da ação humana que podem ser facilitados ou potencializados com o uso das tecnologias. A palavra informação aqui é central. As tecnologias contribuem significativamente para que possamos armazenar, produzir e trocar informações e, com elas, construir conhecimento em qualquer domínio da ação humana.

Essas competências unem, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, ou seja, esse trecho explicita diretrizes para o desenvolvimento do trabalho no componente curricular Tecnologia.  
Na etapa do Ensino Médio, a tecnologia assume especial relevância, pois:  
dada a intrínseca relação entre as culturas juvenis e a cultura digital, torna-se imprescindível ampliar e aprofundar as aprendizagens construídas nas etapas anteriores. Afinal, os jovens estão dinamicamente inseridos na cultura digital, não somente como consumidores, mas se engajando cada vez mais como protagonistas. Portanto, na BNCC dessa etapa, o foco passa a estar no reconhecimento das potencialidades das tecnologias digitais para a realização de uma série de atividades relacionadas a todas as áreas do conhecimento, a diversas práticas sociais e ao mundo do trabalho. (Brasil, BNCC, 2018, p. 474)

As três dimensões  
No texto da BNCC, são apontadas três dimensões que agregam as diversas ações relacionadas ao trabalho com Tecnologias na Educação. Elas inspiraram a definição dos eixos do componente Tecnologia que vimos anteriormente. São elas:  

Pensamento computacional  
Envolve as capacidades de compreender, analisar, definir, modelar, resolver, comparar e automatizar problemas e suas soluções, de forma metódica e sistemática, por meio do desenvolvimento de algoritmos.  

Mundo digital  
Envolve as aprendizagens relativas às formas de processar, transmitir e distribuir a informação de maneira segura e confiável em diferentes artefatos digitais – tanto físicos (computadores, celulares, tablets etc.) como virtuais (internet, redes sociais e nuvens de dados, entre outros) –, compreendendo a importância contemporânea de codificar, armazenar e proteger a informação.  

Cultura digital  
Envolve aprendizagens voltadas a uma participação mais consciente e democrática por meio das tecnologias digitais, o que supõe a compreensão dos impactos da revolução digital e dos avanços do mundo digital na sociedade contemporânea, a construção de uma atitude crítica, ética e responsável em relação à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais, aos usos possíveis das diferentes tecnologias e aos conteúdos por elas veiculados, e, também, à fluência no uso da tecnologia digital para expressão de soluções e manifestações culturais de forma contextualizada e crítica.  

Com essas três dimensões vamos garantir que, por meio das competências e habilidades, os estudantes possam:  

- Buscar dados e informações de forma crítica nas diferentes mídias, inclusive as sociais, analisando as vantagens do uso e da evolução da tecnologia na sociedade atual, como também seus riscos potenciais. 
- Apropriar-se das linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos para explorar e produzir conteúdos em diversas mídias, ampliando as possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho. 
- Usar diversas ferramentas de software e aplicativos para compreender e produzir conteúdos em diversas mídias, simular fenômenos e processos das diferentes áreas do conhecimento, e elaborar e explorar diversos registros de representação matemática. 
- Utilizar, propor e/ou implementar soluções (processos e produtos) envolvendo diferentes tecnologias, para identificar, analisar, modelar e solucionar problemas complexos em diversas áreas da vida cotidiana, explorando de forma efetiva o raciocínio lógico, o pensamento computacional, o espírito de investigação e a criatividade. 
Fonte: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília (DF): Ministério da Educação, 2018. p. 473 e 474. Disponível em: http:///. Acesso em: 26 jun. 2019.

A tecnologia no Currículo Paulista  
O Currículo Paulista afirma o compromisso com o desenvolvimento dos estudantes em suas dimensões intelectual, física, socioemocional e cultural e avoca as dez competências gerais da BNCC. Além disso declara, dentre seus fundamentos pedagógicos:  
- O compromisso com a Educação Integral.  
- O compromisso com o desenvolvimento de competências.  
- O compromisso com a alfabetização, o letramento e os (multi)letramentos em todas as áreas do conhecimento.  
- O estímulo e o apoio à construção do Projeto de Vida dos estudantes.  
- Tecnologia digital: o estudante como consumidor e produtor de tecnologia.  
- O processo de avaliação a serviço das aprendizagens de todos os estudantes.  

Tecnologia digital: o estudante como consumidor e produtor de tecnologia  
"A forte presença da tecnologia na vida de todos tem ressignificado o cotidiano, alterado práticas, modos de interação, as maneiras como executamos as mais variadas tarefas. A leitura e a escrita vêm ocupando novas plataformas, novos canais de circulação. As tecnologias em geral e as linguagens — as digitais em particular — alcançam crianças e adolescentes no modo como concebem seus processos pessoais de aprendizagem.  

O papel da escola, sintonizada com as novas formas de produção do conhecimento na cultura digital, consiste em inserir, de maneira eficaz, os estudantes das diferentes etapas de ensino nas mais diferentes culturas requeridas pela sociedade do conhecimento. Assim, além do letramento convencional, os multiletramentos e os novos letramentos se fazem necessários para a formação integral dos estudantes e, dessa forma, para a inserção nas culturas: letrada, artística, do movimento, científica, popular, digital, entre outras.  

É preciso considerar que o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) envolve postura ética, crítica, criativa, responsável. Essa postura precisa ser trabalhada na escola associada ao desenvolvimento de competências e habilidades voltadas à resolução de situações problema, ao estímulo ao protagonismo e à autoria.  

Para ampliar e ressignificar o uso das tecnologias e assegurar que os estudantes saibam lidar com a informação cada vez mais disponível, o Currículo Paulista contempla essa temática nos vários componentes curriculares desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental."  
SÃO PAULO (Estado). Currículo Paulista, 2019  

Assim, o componente Tecnologia será fundamental nesse momento, pois potencializará o uso já previsto em todas as disciplinas e componentes do novo currículo. O trabalho colaborativo entre os professores também será importante, para que os estudantes possam compreender melhor o uso da tecnologia ao longo de toda a sua formação.

Experiência: currículos de tecnologia  
O Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB) é uma organização sem fins lucrativos que tem como intuito promover a cultura de inovação na educação pública do país.  
Após analisar materiais nacionais e referenciais internacionais, o CIEB propôs um Currículo de Referência em Tecnologia e Computação.  
Veja os materiais e referenciais analisados pelo CIEB.  

Nacionais  
- BNCC 
- Referenciais de formação para Educação Básica da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) 
- Componente curricular Tecnologias para Aprendizagem do Currículo da Cidade de São Paulo 

Internacionais  
- Componente curricular Tecnologia da Austrália 
- Currículo dos Estados Unidos (Next Generation Science Standards) 
- Currículo de Computação do Reino Unido (National Curriculum for Computing) 

Que tal conhecer brevemente cada um deles!?

Referenciais de formação para a Educação Básica da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) 
- Para a Sociedade Brasileira de Computação, conhecimentos básicos de computação são tão importantes quanto os demais componentes curriculares e se mostram essenciais para o desenvolvimento da sociedade do século 21.  
- A entidade defende que a computação provê conhecimentos sobre o mundo digital e também sobre estratégias e artefatos para resolver problemas de alta complexidade, que há poucos anos não seriam solucionáveis (SBC, 2017). 
Nesse sentido, os referenciais propostos pela entidade destacam conhecimentos de ciência da computação que permitem compreender como funcionam e como se criam tecnologias computacionais, além do desenvolvimento de competências necessárias para resolução de problemas. 
Os referenciais curriculares da SBC se organizam em três eixos:  
pensamento computacional, 
mundo digital, 
cultura digital. 
(Currículo de referência em tecnologia e computação: da educação infantil ao ensino fundamental, CIEB, p. 8).  

Saiba mais 
Acesse o Referenciais de Formação em Computação: Educação Básica e leia mais detalhes sobre essa experiência. Acesso em: 26 jun. 2019.

Currículo da Cidade de São Paulo 
Abarca concepções e objetivos de aprendizagem para o desenvolvimento do uso das tecnologias e ferramentas digitais no processo cognitivo de aprendizagem.  
Nesse sentido, o currículo pretende ofertar a professores e estudantes mais formas de compreender as tecnologias e entender como podem utilizá-las para interagir, conectar-se, participar e formar redes, colaborar, agir, refletir, construir e ressignificar conhecimentos a partir da vivência em uso na perspectiva da educação integral, que conhece, investiga e se expressa, considerando as especificidades deste século.  
As metodologias e estratégias didáticas precisam permitir a compreensão, apropriação, participação e ressignificação dos processos pedagógicos, enfatizando os princípios de equidade, inclusão e educação integral que vão ao encontro das necessidades e anseios dos estudantes, indicando nos objetivos de aprendizagem os resultados e experiências a serem atingidos em cada ano e série.  

Saiba mais 
Acesse o Currículo da cidade e leia mais detalhes sobre essa experiência. Acesso em: 26 jun. 2019.

Currículo da Austrália: Componente curricular Tecnologia 
O currículo australiano existe desde 2010 e está estruturado em dois temas: Design e tecnologias e Tecnologias digitais. Sua estrutura contempla, para cada um dos temas, as habilidades que os estudantes devem desenvolver em cada ano. Cada habilidade está associada a um conjunto de práticas e também às competências gerais, transversais ao currículo. Cada habilidade tem um link para conteúdos disponibilizados em uma plataforma virtual.  
(Currículo de referência em tecnologia e computação: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, CIEB, p. 9)

Currículo americano: Next Generation Science Standards 
O currículo americano está associado ao ensino de ciências, e se estrutura em três dimensões:  
- Interdisciplinaridade, 
- Práticas (Ciência e Engenharia) e 
- Conceitos principais. 
As dimensões são articuladas de forma a levar o estudante a melhor compreender conceitos de ciências e de engenharia ao longo do ensino fundamental, e as expectativas de desempenho são definidas integrando as três dimensões, relacionando-as a competências e habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos estudantes em cada ano.  
(Currículo de referência em tecnologia e computação: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, CIEB, p. 10)

Currículo do Reino Unido: National Curriculum for Computing 
O currículo do Reino Unido é composto por uma sequência de conteúdos que devem ser trabalhados durante os quatro macroníveis de ensino (os key stages) em suas três dimensões:  
- ciência da computação, 
- tecnologia da informação, 
- letramento digital. 
Cada um desses macroníveis tem indicação das competências que o estudante deverá desenvolver.  
(Currículo de referência em tecnologia e computação: da educação infantil ao ensino fundamental, CIEB, p. 11)

Currículo de Referência em Tecnologia e Computação: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 
Como já mencionado, o CIEB analisou cada um dos documentos anteriores para elaborar o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação: da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. Ele está organizado em três eixos estruturantes, dez conceitos e 147 habilidades que se desdobram em práticas, sugestões de avaliação, material de referência e níveis de maturidade da escola e competências docentes.  
Cada eixo apresenta conceitos-chave que ajudam na organização de habilidades:  
Cultura digital  
Se desenvolve com três conceitos principais: letramento digital, cidadania digital e tecnologia digital.  
Tecnologia digital  
Apresenta três conceitos: representação de dados, hardware e software e comunicação e redes.  
Pensamento computacional  
É composto por quatro conceitos: abstração, algoritmos, decomposição e reconhecimento de padrões.  

Saiba mais 
Conheça mais sobre o Currículo de referência em tecnologia e como as habilidades foram estruturadas. 
O CIEB também apresenta um proposta para conhecer melhor o nível de maturidade de cada uma de nossas escolas. Esse instrumento foi desenvolvido em parceria com o MEC, e está integrado ao Programa Educação Conectada, que também propõe uma autoavaliação para que os professores possam conhecer melhor suas habilidades relacionadas ao uso das tecnologias. Acesso em: 26 jun. 2019.  

As diretrizes curriculares de Tecnologia se inspiram em experiências como as descritas e em outras que já acontecem na rede. Por isso, estão sendo desenvolvidas de maneira colaborativa por representantes de diversas Diretorias de Ensino. Nas próximas etapas formativas, elas serão aprofundadas.

Experiência: avaliação das escolas e redes  
Você já ouviu falar sobre nível de maturidade tecnológica de uma escola, ou como medir o nível de maturidade de cada escola?  
Pois é, essa prática existe e é sobre isso que vamos tratar agora! Conheça a seguir o Programa de Inovação Educação Conectada.  

Programa de Inovação Educação Conectada  
[...] o Programa de Inovação Educação Conectada, lançado pelo MEC, instituído pelo Decreto n° 9.204, de 23 de novembro de 2017: “programa resultante de uma articulação horizontal e colaborativa, que envolveu todos os entes federativos”.  
MINISTÉRIO da Educação. Educação conectada: Inovação tecnológica impulsionando a educação pública brasileira. Brasília: MEC, 2017. p.3. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2017-pdf/77461-conceito-do-programa-de-inovacao-educacao-conectada-pdf/file  

O Programa de Inovação Educação Conectada do Ministério da Educação tem o objetivo de apoiar a universalização do acesso à internet de alta velocidade, por via terrestre e satelital, e fomentar o uso de tecnologia digital na Educação Básica. Para isso, o Programa foi elaborado com quatro dimensões que se complementam e devem estar em equilíbrio, para que o uso de tecnologia digital tenha efeito positivo na educação.  
As dimensões têm origem na teoria Four in Balance (Quatro em Equilíbrio, que embasa o Programa de Inovação Educação Conectada). Vamos entender melhor as quatro dimensões:  
Visão  
É o espaço que a tecnologia ocupa dentro da unidade escolar. Ou seja, o que as pessoas que lá trabalham ou estudam têm de expectativa sobre seus usos e potenciais e como os conectam com o seu projeto coletivo de educação.  
Formação profissional  
Prevê os conhecimentos e as habilidades de professores, gestores escolares e pessoal de apoio sobre o uso das TDIC para promover o ensino e a aprendizagem.  
Recursos Educacionais Digitais (REDs)  
Refere-se a integrar tecnologias e mídias digitais como forma de alavancar o currículo; o uso dos REDs (como software educativo, ambientes virtuais de aprendizagem, plataformas adaptativas, objetos digitais de aprendizagem etc.) deve estar alinhado com a visão educacional da escola.  
Infraestrutura  
Diz respeito a uma infraestrutura tecnológica adequada no contexto educacional, como a disponibilização de hardware, redes e conectividade de qualidade. Cada escola deve implantar os recursos tecnológicos de acordo com suas necessidades e opções.

O que esse programa tem de diferente daqueles já lançados pelo Ministério da Educação? 
Para participar, os entes da federação, por meio das secretarias estaduais e distrital, precisam aderir ao programa. Depois é a vez das escolas. O MEC envia para as redes a lista das escolas aptas a participar do programa nessa sua primeira fase, chamada “Indução”. Ao saber quais são as escolas aptas, as redes divulgam o período de inscrição: nesse ponto, é necessário que a gestão escolar consulte a comunidade escolar. Se estiverem de acordo, a adesão ao programa deve ocorrer na plataforma dos programas MEC, por meio da qual o gestor deve registrar seu aceite e elaborar um plano de ação para o uso do recurso, que vai direto para a escola e tem de ser usado na melhoria da conectividade.  

Por que tratamos do programa do MEC neste curso?  
O Estado de São Paulo aderiu ao programa em 2017. Cerca de 3 mil unidades escolares foram selecionadas para participar e mais de 2 mil fizeram a adesão. Grande parte dessas escolas já receberam recursos, outras aguardam a finalização da análise do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Além disso, os princípios do programa também dão subsídios para a elaboração do currículo do componente Tecnologia.  
O uso de tecnologias na educação enfatiza a inserção da escola no contexto digital. Esse cenário requer ações como a formação continuada de educadores para a utilização de TDIC na prática pedagógica numa perspectiva de articulação entre teoria e prática, a curadoria de recursos digitais que podem ser utilizados nos momentos de ensino e de aprendizagem, a infraestrutura adequada para fomentar a prática docente e a participação ativa dos estudantes, além da estratégia com os atores do ecossistema para ter êxito em todo esse processo.  

Lembre-se! 
A tecnologia só terá impacto positivo na educação se, além da infraestrutura, forem planejadas ações para integração das TDIC ao currículo, a formação de professores para práticas pedagógicas inovadoras e a seleção e uso de recursos digitais de qualidade!  
É necessário desmitificar o uso da tecnologia, que não necessariamente está relacionada à infraestrutura e aos recursos digitais, mas também pode estar ligada à mudança de atitude, a olhar para um problema e trabalhar com ele – ou seja, ela pode ser utilizada como uma propulsora.  
A tecnologia não é a única forma de promover mais qualidade e equidade na educação pública, mas, sem os ganhos exponenciais proporcionados pela sua utilização na gestão e na promoção da aprendizagem, não será possível avançar na velocidade necessária para transformar a educação paulista.

Experiência: avaliação das escolas e redes  
A partir do conceito do Programa de Inovação Educação Conectada, foram propostos pelo CIEB, em parceria com o MEC (e adotados pelos estados), os níveis de adoção de tecnologia, considerando aspectos pedagógicos e tecnológicos e o uso por diferentes atores:  
Emergentes  
- O nível emergente é caracterizado pela falta de infraestrutura para tecnologia para fins pedagógicos.  
Básico  
- A tecnologia é aplicada como ferramenta de forma esporádica e limitada por professores e estudantes. Gestores utilizam a tecnologia como ferramenta básica de gestão e comunicação.  
Intermediário  
- A tecnologia inspira o processo de ensino, permitindo o acesso a conteúdo e recursos e o planejamento de aulas. Facilita o aprendizado, com o uso frequente em sala de aula. Gestores utilizam a tecnologia para ganhos de eficiência e planejamento da gestão.  
Avançado  
- A tecnologia é transformadora dos processos pedagógicos e de gestão, estando presente no dia a dia de todos os atores da escola. Estudantes tornam-se protagonistas de sua aprendizagem por meio de metodologias ativas. A tecnologia apoia a tomada de decisão da equipe escolar, contribuindo para a melhoria dos processos.  

O instrumento, inspirado em iniciativas similares de sucesso em outros países, também aponta caminhos para as melhores práticas de tecnologia aplicada à aprendizagem dos estudantes, ao desenvolvimento de competências digitais dos professores e à gestão nas escolas.  

O Estado de São Paulo já aplicou o questionário em duas oportunidades. A primeira foi entre outubro de 2016 e março de 2017, com 98% das escolas participantes. A última foi em 2018, de forma amostral no Estado e censitária em três municípios: Guarujá, Ferraz de Vasconcelos e Osasco, totalizando 331 escolas participantes.  

No quadro, o resultado da última pesquisa realizada na Rede educacional paulista:
Fonte: Guia Edutec/CIEB  

As respostas dos questionários da pesquisa são os níveis de adoção de tecnologia na rede. A dimensão menos desenvolvida é Visão, e essa deveria ser prioridade.

Como esses resultados são aproveitados? 
Os resultados da pesquisa são utilizados pelas áreas técnica e pedagógica para orientar ações de formação de professores e gestores, para melhoria de infraestrutura e para a disponibilização de recursos digitais.  
Esses níveis representam os estágios de integração das tecnologias educacionais no processo de ensino e aprendizagem. Demonstram, assim, níveis progressivos pelos quais passam os estudantes, os professores, os gestores, as salas de aula ou as escolas, em seus processos de apropriação das tecnologias.  
A escola pode evoluir dentro dos níveis conforme se desenvolve em cada uma das dimensões. Como por exemplo, se os professores dedicarem tempo para formação ou se houver o uso de Recursos Educacionais Digitais, com mais frequência e intencionalidade.  

O componente Tecnologia foi desenvolvido pensando nos diversos níveis de maturidade que fazem parte da nossa rede.

Experiência: avaliação das escolas e redes  
Guia Edutec  
Para saber qual o nível de maturidade das escolas, foi desenvolvido o Guia Edutec, ferramenta on-line e gratuita, que faz um diagnóstico do grau de adoção de tecnologia educacional tanto na rede de ensino quanto em cada escola. O instrumento, inspirado em iniciativas similares de sucesso em outros países, também aponta caminhos para as melhores práticas de tecnologia aplicadas à aprendizagem e à gestão escolar.  

Como funciona o guia? 
O diretor da escola deve preencher o questionário disponível na ferramenta, acompanhado de dois professores: um que já faz uso de tecnologias e outro que não usa. Depois de enviar suas respostas, o diretor receberá no e-mail cadastrado a devolutiva com o resultado/classificação da escola. Assim, toda a equipe escolar terá a oportunidade de analisar o panorama e traçar estratégias de melhoria, caso seja necessário.  
Desenhar formações de professores que tenham como resultados esperados a transformação da prática docente apoiada pelas tecnologias é ação-chave no desenvolvimento da educação.  
Para que você consiga buscar formações direcionadas às suas demandas, é preciso identificar as suas lacunas de aprendizagem e de atuação profissional, num movimento constante de aprendizagem.

Hora de refletir! 
Pense na escola em que você atua. Como você pode colaborar para o avanço do nível de maturidade da escola?

Experiência: competências de educadores para o uso das tecnologias  
Diversas organizações definiram competências de professores para o uso das tecnologias. A seguir, conheceremos a proposta da Unesco e também a do CIEB, em parceria com o Instituto Natura.  

Padrões de competência em TDIC para professores – Unesco  
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) publicou em 2008 o documento Padrões de Competências em TIC para Professores (ICT-CST), que apresenta como o desenvolvimento profissional docente ocorre, enquanto os países reorganizam seus currículos, voltando-os para o desenvolvimento de competências necessárias ao século 21.  
O documento tem como objetivos específicos:  
Construir  
um conjunto comum de diretrizes que os provedores de desenvolvimento profissional podem usar para identificar, construir ou avaliar materiais de ensino ou programas e treinamento de docentes no uso das TDIC para o ensino e aprendizagem.  
Oferecer  
um conjunto básico de qualificações que permita aos professores integrarem as TDIC ao ensino e à aprendizagem, para desenvolvimento do aprendizado do estudante e melhora de outras obrigações profissionais.  
Expandir  
o desenvolvimento profissional dos docentes para aprimorar suas habilidades em pedagogia, em colaboração e em liderança no desenvolvimento de escolas inovadoras usando as TDIC.  
Harmonizar  
diferentes pontos de vista e nomenclaturas em relação ao uso das TDIC na formação dos professores.  

UNESCO. Padrões de competência em TIC para professores. Tradução: Claudia Bentes David. Brasília: Unesco, 2009. p.5. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000156209_por. Acesso em:13 jun. 2019.  

Os padrões de competência em TDIC foram organizados em módulos, considerando três abordagens, que apresentam a evolução da alfabetização em tecnologia, seu aprofundamento do conhecimento e a criação de conhecimentos.  
Além das três abordagens, apresenta seis componentes que extrapolam os limites das TDIC. Incluem política, currículo e avaliação, pedagogia, uso da tecnologia, organização e administração da escola e desenvolvimento profissional do docente.   

Dica! 
Acesse o documento Padrões de competência em TDIC para professores elaborado pela Unesco e veja como os módulos se organizam.  
Este documento passou a servir de base para que redes de todo o mundo comecem a pensar a formação de professores para o uso das tecnologias.

Experiência: competências de educadores para o uso das tecnologias  
Matriz de competências digitais – CIEB  
Com base no documento elaborado pela UNESCO, o CIEB desenvolveu uma matriz de competências digitais de professores mais adequados ao contexto nacional.  
Veja!  

Competências de professores e multiplicadores para uso de TDIC na Educação  
Área: Pedagógica
Competências 
- Práticas pedagógicas  
Ser capaz de incorporar tecnologias às experiências de aprendizado dos estudantes e às suas estratégias de ensino.  
- Avaliação  
Ser capaz de usar tecnologias digitais para acompanhar e orientar o processo de aprendizagem e avaliar o desempenho dos estudantes.  
- Personalização  
Ser capar de utilizar a tecnologia para criar experiências de aprendizagem que atendam às necessidades de cada estudante.  
- Curadoria e criação  
Ser capaz de selecionar e criar recursos digitais que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem e gestão de sala de aula.  

Área: Cidadania Digital  
Competências
- Uso responsável  
Ser capaz de fazer e promover o uso ético e responsável da tecnologia (cyberbullying, privacidade, presença digital e implicações legais).  
- Uso seguro  
Ser capaz de fazer e promover o uso de tecnologias (estratégias e ferramentas de proteção de dados).  
- Uso crítico  
Ser capaz de fazer e promover a interpretação crítica das informações disponíveis em mídias digitais.  
- Inclusão  
Ser capaz de utilizar recursos tecnológicos para promover a inclusão e a equidade educativa.  

Área: Desenvolvimento Profissional
Competências  
- Autodesenvolvimento  
Ser capaz de usar TDICs nas atividades de formação continuada e de desenvolvimento profissional.  
- Autoavaliação  
Ser capaz de utilizar as TDICs para avaliar a sua prática docente e implementar ações para melhorias.  
- Compartilhamento  
Ser capaz de usar a tecnologia para participar e promover a participação em comunidades de aprendizagem e troca de pares.  
- Comunicação  
Ser capaz de utilizar tecnologias para manter comunicação ativa, sistemática e eficiente com os atores da comunidade educativa.  
Fonte: Competências de professores e multiplicadores para uso de TIC na Educação. Disponível em: http://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/06/CIEB-Notas-T%C3%A9cnicas-8-COMPET%C3%8ANCIAS-2019.pdf. Acesso em: 7 jul. 2019.

Para avaliar o desenvolvimento de cada competência, foram elaborados, em parceria com o Instituto Natura, cinco níveis de apropriação e seus respectivos descritores, que evidenciam a progressão da competência pelo professor.  

Saiba mais 
Para mais informações sobre os descritores e os níveis de apropriação das competências digitais, Leia a nota técnica nº15 DO CIEB: Autoavaliação de competências digitais de professores. Acesso em: 26 jun. 2019.

Autoavaliação  
Para apoiar os docentes na avaliação de suas competências, foi criada a ferramenta on-line Autoavaliação de Competências Digitais de Professores. Essa ferramenta tem dois objetivos principais:  
1. Promover a reflexão dos docentes sobre seus próprios conhecimentos e sobre o uso de tecnologias digitais.  
2. Informar as redes de ensino sobre perfil agregado das competências digitais dos professores, de forma que possam desenvolver formações docentes mais efetivas.  

Ao ter conhecimento sobre quais competências digitais precisa desenvolver, você poderá se sentir mais estimulado a ser protagonista de sua própria evolução e buscar formações significativas e direcionadas aos seus desejos e necessidades, que possibilitam transformação em sua prática pedagógica. Além disso, a ferramenta fornece aos gestores das redes de ensino dados agregados que contribuem para um planejamento mais assertivo de cursos e programas de fortalecimento profissional.  

Ficou curioso para saber sobre as suas competências digitais?  
Clique aqui e responda ao questionário para mapear suas competências digitais. Não se preocupe com o resultado! Ao longo dos próximos meses, você poderá participar de formações para desenvolver as competências que considerar necessárias. Vale destacar que todas as competências podem ser fortalecidas ao longo do tempo.  

Hora de criar! 
Para finalizar nosso curso convidamos você a elaborar um vídeo, podcast, gif ou outra mídia que represente sua percepção sobre o componente Tecnologia. Use suas anotações para relembrar cada parte do trajeto percorrido.  

Saiba mais 
Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa - A RBAC conecta você a pessoas de todo o Brasil que estão mudando seu papel enquanto educadores ao usar aprendizagem criativa como abordagem para trabalhar com tecnologia em ambientes formais e não formais de educação.

Tecnologia na prática (Módulo 3)

Tecnologia na prática 
Abertura do módulo  
Olá, professor(a), bem-vindo(a) ao Módulo 3!  
Ao longo deste curso, queremos que você pense em possibilidades de utilizar a tecnologia e, mais do que isso, perceba que ela é um apoio importante.  
Neste módulo vamos apresentar as chamadas atividades “mão na massa”, que são atividades desplugadas, sem o auxílio de um computador físico e que, ainda assim, trabalham com inovação. Também vamos tratar da aprendizagem criativa.  
Vamos lá?

Atividades desplugadas  
As atividades desplugadas podem e devem estar presentes nos três eixos estruturantes do componente Tecnologia. 

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação  
Em Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, é possível abordar diversas temáticas. 

Redes sociais  
Que tal tratar com os estudantes como o papel da tecnologia que permeia várias navegações como, por exemplo, as redes sociais? Esse é um assunto importante a ser abordado em sala de aula, trazendo exemplos de como devemos nos relacionar diante das redes sociais, conversando e trazendo exemplos práticos sobre amizades, senhas, o que podemos compartilhar e o que não podemos compartilhar (endereços de casa, trabalho, escola).

Hashtags  
O que acha de criar campanhas interativas com a turma, usando hashtags do tipo #vocêtemvidaprivadadeverdadenainternet? e até propor aos alunos construções de paródia para mostrar o quanto são importantes e necessários esses cuidados, envolvendo os alunos em ações de pertencimento.

Letramento Digital  
Em Letramento digital, existem muitas possibilidades para serem trabalhadas, como linguagens midiáticas que envolvem a criação de vídeos, documentários, curtas-metragens e até vídeos de animação, como o stop motion. Nessa técnica, podemos usar modelos e cenas reais, produzir animações com brinquedos ou mesmo massa de modelar. O importante é deixar a inventividade e a criatividade tomarem conta desse momento na sala de aula, para que os estudantes possam explorar as possibilidades.  

Stop motion  
Com o stop motion, é possível trabalhar os mais diferentes assuntos estudados nas aulas. Ao trabalhar com resoluções de problemas e usando uma linguagem digital que lhe é familiar, tiramos o estudante da passividade, despertando-lhe o protagonismo e trazendo-o para o centro da aprendizagem. Ao fazer uso de tecnologias existentes no cotidiano, como o celular em sala de aula, esses momentos se transformam em construção de conhecimento para professores e estudantes, servindo de grande motivador para a transformação na Educação.  

Na sala de aula, explique como será feita a atividade. Prepare os alunos com uma discussão sobre as ideias e possibilidades para sua animação. Deixe claro que o vídeo precisa ter um roteiro – uma história que será contada em imagens. Os roteiros podem ser produzidos individualmente ou em grupos, com assuntos relevantes para a aula.  

Dica 
Acesse a matéria Como fazer uma animação em "stop-motion" nas aulas de Arte, do site da Nova Escola. Acesso em: 22 jun. 2019.  
Veja também o Programa Mediação e Linguagem, para assisti-lo busque pelo programa na videoteca da EFAPE. Acesso em: 22 jun. 2019.  

Como fazer?  
Baixe um editor de vídeo no celular. Abra a câmera e centralize o objeto que quer fotografar. Mude o objeto de posição e fotografe novamente, a cada novo posicionamento, para dar a sensação de animação quadro a quadro. Após a primeira foto, o próprio software de edição de vídeo permite que você continue criando uma sequência ao fazer pequenos movimentos com um personagem, dando a ideia de movimento contínuo.  
Para incrementar a apresentação, você pode adicionar filtros, adesivos virtuais, desenhos e até frases. Ao salvar o trabalho, é possível compartilhar o vídeo em outras redes sociais, como o Twitter e o Facebook.  

Dica 
Maria Alice Gonzales, da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, disponibilizou documentos de referência para a criação de um suporte para gravação de stop motion. Na parte inferior do documento, você encontra o material; na parte superior, um encaixe para a lente do celular. Acesso em: 22 jun. 2019.

Pensamento Computacional 
No eixo Pensamento computacional, por sua vez, também há muitas possibilidades para trabalhar, uma delas é a programação desplugada, aquela que ocorre fora do computador.  

Dinâmica do robô  
Uma atividade simples e divertida é a dinâmica do robô. Além de trazer o lúdico, ela permite que o aluno programe de forma concreta, utilizando resoluções de problemas para vencer os desafios.  
Por meio de um circuito criado no chão com fita-crepe, um aluno é escolhido para ser o robô (que receberá os comandos orais dos demais estudantes para concluir o percurso determinado).  
O estudante que fará o robô é orientado a se mover por meio de sentenças simples e diretas e a ficar parado quando todos falam ao mesmo e ou quando alguém não fala um comando claro (um bom exemplo é “ande para a frente”).  
Para que o robô complete o circuito, é necessário receber a programação correta, como “ande dez passos para frente, gire levemente para a direita”, e assim sucessivamente. Dessa forma, os alunos exercitam noções espaciais e conhecimentos de forma oral, internalizando os aprendizados adquiridos.

Hora de criar! 
No módulo anterior você criou uma atividade de um dos eixos estruturantes do componente Tecnologia. Neste momento convidamos você a elaborar uma nova atividade, que seja desplugada, com base nos exemplos apresentados acima. Pense na escola que atua, no perfil dos estudantes das suas salas e nos conteúdos que serão trabalhados nos próximos meses. Desenvolva uma dinâmica bem bacana e apresente a proposta para os estudantes.  
Não esqueça de fazer o registro dessa atividade!  

O professor como mediador da aprendizagem  
Como você se vê enquanto professor? Como um conselheiro pessoal? Fonte de conhecimento? Facilitador?  
De acordo com a abordagem proposta pela aprendizagem criativa, as pessoas aprendem melhor quando têm oportunidade de explorar novos conceitos e usá-los na criação de projetos significativos. O papel do professor é criar e desenvolver essas oportunidades.  
Neste sentido, o professor tem dois papéis:  

Mediador  
Como mediador, o professor deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a apoiar os estudantes na implementação dos seus projetos pessoais. Ao incentivar reflexão, colaboração e uso de novas técnicas, o professor mediador contribui para o desenvolvimento de habilidades, atitudes e competências desses estudantes de forma significativa e alinhada com o contexto da escola.  

Pesquisador  
Como pesquisador, está constantemente avaliando a dinâmica da sala de aula para compreender o andamento das atividades e identificar o que pode ser melhorado. Nesse sentido, é importante que tenha a oportunidade de refletir com os colegas, trocar experiências com professores de outras escolas e ter acesso a diferentes referências.

Conheça a seguir as experiências de docentes que foram mediadores e pesquisadores em práticas aplicadas com os estudantes.  
1. Uma professora trabalhou com o Scratch em sala de aula pela primeira vez e desenhou uma atividade em que disponibilizou cartões do Scratch pela sala, permitindo aos estudantes explorar livremente os materiais na criação de um projeto. Como mediadora, ela incentivou a troca de ideias e a produção de projetos bem diferentes entre os alunos. Como pesquisadora, percebeu que mudando a disposição dos computadores na sala talvez a colaboração fosse um pouco mais fácil, algo que poderia melhorar no próximo encontro com os alunos.  
2. Um outro exemplo é de um professor que desenhou um projeto de jornalismo estudantil em que os estudantes usaram celular e internet para criar programas de notícia sobre a escola e o bairro. A sua atuação mediadora se deu quando ele estimulou que os estudantes usassem plataformas que conhecessem ou descobrissem por conta própria para hospedar os seus projetos. Assim, ele também aprendeu sobre novas ferramentas em conjunto com os estudantes. Enquanto pesquisador, esse professor levou para a ATPC um compilado dos principais temas que os estudantes escolheram tratar na atividade para debater com seus colegas.

O Scratch é um software que se utiliza de blocos lógicos, e itens de som e imagem, para você desenvolver suas próprias histórias interativas, jogos e animações, além de compartilhar de maneira on-line suas criações. Clique aqui e conheça mais sobre o Scratch. Acesso em: 22 jun. 2019.

O professor como mediador da aprendizagem
Há muitas maneiras de se trabalhar tecnologia de forma criativa na escola, e para isso precisamos pensar como mediadores e pesquisadores. Você se identifica com esses papéis em sua sala de aula?  

Saiba mais 
Origens e princípios básicos do Computer Clubhouse, de Natalie Rusk, Mitchel Resnick e Stina Cooke Rusk. Acesso em: 22 jun. 2019. 
Comece com exploração, não com explicação, de Natalie Rusk. Acesso em: 22 jun. 2019. 
Como iniciar práticas educomunicadoras na escola. Portal Porvir. Acesso em: 22 jun. 2019.

Inovação na Educação  
A inovação na Educação é mais uma questão metodológica do que uma questão de recursos tecnológicos.  
Hoje acredita-se que, para atender às necessidades de aprendizagem do estudante do século 21, não cabe mais a escola tradicional, com lugares fixos e atividades que não têm maior significado em suas vidas. É preciso pensar em uma escola com atividades que coloquem o estudante no centro do processo educativo, de forma que todas as suas potencialidades e capacidade de criação sejam contempladas e estimuladas.  
E é aí que entram as metodologias ativas!  

Metodologias ativas  
Chamamos de metodologias ativas aquelas que colocam o estudante como ator da construção do seu conhecimento; ou, em outras palavras: são formas de ensinar e aprender que têm o estudante como protagonista de seu processo de aprendizagem. Nas metodologias ativas, ao invés de ficar passivo, simplesmente "assistindo" às aulas, o estudante é convidado a criar, a colaborar e a expressar suas ideias.

Saiba mais 
Há várias formas de trabalhar com metodologias ativas. Leia o artigo Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado escrito por Débora Garofalo para a Nova Escola. Acesso em: 22 jun. 2019.

Inovação na Educação  
Segundo o Professor Mitchel Resnick, do Massachusetts Institute of Techonology (MIT), a Aprendizagem Criativa propõe a criação de ambientes educacionais que incentivem 4 Ps:   

Projetos 
Em Projetos, a ideia é incentivar os estudantes na construção de produtos compartilháveis, tais como construções com sucata, joguinhos de computador, poemas, peças de teatro e muito mais. No entanto, não estamos falando de qualquer projeto. É essencial que sejam significativos para o aprendiz.   

Paixão 
É justamente essa Paixão que irá levá-los a se conectar mais profundamente com os temas explorados.   

Pares 
Para que se sintam à vontade para explorar projetos pessoais, é importante que os estudantes possam trocar ideias e colaborar uns com os outros. É aí que entra a importância dos Pares.   

Pensar brincando 
O último P é o do Pensar brincando. Ele enfatiza a importância de permitir aos estudantes que "brinquem" com os materiais e temáticas da atividade de forma bem livre. Essa exploração livre abre portas inesperadas e pode levar os projetos para destinos não esperados. Ela incentiva a percepção do "erro" como parte natural do processo de aprendizagem e como elemento vital para o desenvolvimento da criatividade. Assim, segundo a Aprendizagem Criativa, nosso papel é construir ambientes em que os alunos possam criar projetos que lhes sejam relevantes de forma colaborativa e exploratória.

Hora de refletir! 
Você já utilizou alguma metodologia ativa com os estudantes?  
Se vê em condições de trabalhar alguma dessas metodologias ativas?  
Como seria uma aula sobre fake news usando uma metodologia ativa?  
Não esqueça de fazer o registro dos resultados da sua reflexão! Após concluir, clique em “comentários” e veja algumas considerações que podem contribuir para ampliar suas ideias.  

Comentários  
Muitas ideias devem ter passado pela sua cabeça. O importante é que a aula que você idealizou torne o estudante protagonista de seu processo de aprendizagem.  
Acesse o texto 5 atividades para falar sobre notícias falsas em sala de aula e veja algumas propostas de atividades que podem ser adaptadas por você com os estudantes da escola em que você atua.  

Saiba mais 
Curso e comunidade on-line Aprendendo Aprendizagem Criativa, MIT Media Lab. Acesso em: 22 jun. 2019.  
Ensino híbrido permite interações mais significativas. Portal Porvir. Acesso em: 22 jun. 2019.  
Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado. Portal Nova Escola. Acesso em: 22 jun. 2019.  
Scratch na prática – série mensal de recursos pedagógicos que ajuda você a mediar atividades de programação em blocos para crianças e jovens, por meio da abordagem aprendizagem criativa. Aqui você encontra materiais para as propostas de práticas com o Scratch. Acesso em: 22 jun. 2019.  
RBAC – a Rede Brasileira de aprendizagem criativa conecta você a educadores de todo o Brasil que já trabalham com aprendizagem criativa em diferentes contextos educacionais. Acesso em: 22 jun. 2019.

Visitando práticas e aprendendo com os colegas  
Neste momento de nosso curso você já conheceu exemplos concretos de projetos que envolvem tecnologia. Para alguns isso pode parecer uma realidade distante. A boa notícia é que já temos alguns colegas que, ainda que de forma experimental e superando todas as dificuldades encontradas em suas escolas, vêm desenvolvendo um trabalho nessa direção.

Hora de criar! 
Algo bastante praticado na aprendizagem criativa é a remixagem, a desconstrução do que está pronto para que se torne algo diferente. Aprendemos muito ao adaptar um produto ao nosso modo. Das propostas de prática que você conheceu ou dos materiais que disponibilizamos neste módulo, o que você vai remixar? O que você mudaria nessas práticas pedagógicas em relação a:  
- materiais; 
- organização do espaço; 
- tema central da atividade; 
- habilidades cognitivas e socioemocionais a serem desenvolvidas. 
Quais outros elementos você acrescentaria para que faça sentido em seu contexto?  
Não esqueça de fazer o registro dos resultados!  

Plano de aula  
Para terminar este módulo, apresentamos um exemplo de Plano de Aula feito pelo Professor Marcelo Suwabe, da DE Santos, que leva em consideração diversos aspectos já trabalhados neste curso.  
Observe os itens e veja como ele trabalha o conteúdo do nível de complexidade escolhido e como ele leva em consideração as competências da BNCC.  

Título de aula 
As Redes Sociais. 

Etapa e nível 
8º ano/Inicial. 

Eixo 
Letramento digital. 

Conteúdos 
- Cidadania Digital. 
- Uso de redes sociais. 
- Questões de segurança e privacidade na web. 
- Responsabilidades na convivência em ambientes virtuais. 

Recursos 
- Sala de aula. 
- Lousa. 
- Cópia de posts de redes sociais. 
- Computador (opcional). 
- Celular (opcional). 

Componentes curriculares relacionados 
- Língua Portuguesa. 
- História. 
- Geografia. 

Palavras-chave 
- Redes Sociais. 
- Segurança. 
- Ambientes virtuais. 
- Ética. 

Objetivo 
Identificar os principais aspectos da vivência em redes sociais, analisando responsabilidades e perigos. 

Habilidades Relacionadas 
BNCC  
[EF08ER01] - Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. 
[EF69LP15] - Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões sobre temas controversos ou polêmicos. 
[EF89LP04] - Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e implícitos, argumentos e contra-argumentos em textos argumentativos do campo (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica etc.), posicionando-se frente à questão controversa de forma sustentada. 
Currículo de Referência CIEB  
[CD08CD01] - Compreender e analisar a vivência em redes sociais, em especial sobre as responsabilidades e os perigos dos ambientes virtuais. 

Objetos de aprendizagem 
Como não ser chato, redes sociais! Acesso em: 22 jun. 2019. 
Ética e abuso nas redes sociais. Acesso em: 22 jun. 2019. 
Redes Sociais. Acesso em: 22 jun. 2019. 
Privacidade. Acesso em: 22 jun. 2019. 

Situação Ensino-Aprendizagem 
Sequência didática  
1. Cronograma da aula  
- Acolhida (Sensibilização) 
- Problematização (Estimulando a curiosidade) 
- Exibição de vídeo (opcional – estratégia docente) 
- Discussão de caso (opcional – estratégia docente) 
- Atividade complementar (Atividade de aprofundamento) 
- Memorial (Hoje aprendi) 
2. Acolhida  
- Início da atividade, em que o professor busca integrar a turma e prepará-la para o desenvolvimento.  
- Uma forma de fazer isso é pedir para que, em duplas, os estudantes contem qual foi sua última postagem nas redes sociais e a razão para a escolha daquele conteúdo.  
3. Problematização  
- Em grupos de cinco a seis estudantes: discutir o que conhecem sobre as redes sociais, registrando os principais pontos apresentados.  
4. Exibição de vídeo  
- Como não ser chato, redes sociais! 
- Ética e abuso nas redes sociais! 
- A partir da exibição dos vídeos e do que foi produzido pelos estudantes na problematização, o docente poderá refletir com os estudantes os aspectos relacionados ao uso de redes sociais, no que tange a segurança, privacidade e responsabilidade do usuário. Pode-se usar os sites relacionados como base de informação para os estudantes consultarem.  
5. Discussão de caso e experimentação  
- Organize grupos de três componentes: apresente alguns posts polêmicos de redes sociais para os estudantes usando o computador ou os próprios posts impressos, lendo os comentários. Levante algumas questões relacionadas aos conceitos apresentados nos vídeos para iniciar uma discussão. Solicite aos grupos que façam um debate sobre os posts, classificando-os em relação à segurança, à privacidade e à responsabilidade, construindo um quadro comparativo. Essa classificação pode ser feita em folhas de papel sulfite, em caderno ou em qualquer outro espaço para registro. Ao final, o docente resgata as produções e, em plenária, analisa os resultados com os estudantes.  
- Socialização: recomenda-se que as produções sejam compartilhadas durante o processo de aprendizagem.  
6. Atividade complementar  
- Os grupos podem procurar novos vídeos relevantes na internet e apresentar aos demais colegas, justificando a seleção. Com os compartilhamentos, os grupos fazem anotações sobre os pontos pertinentes para criar regras de convivências e orientações sobre o uso de redes sociais.  
7. Memorial  
- Os estudantes constroem seu memorial usando o tema Redes Sociais. Considere as novas descobertas e aprendizagens.  
- Para isso, pode-se criar um desenho, um verso, uma paródia etc.  

O que se espera que o estudante desenvolva 
- Identifica os perigos relacionados ao uso de redes sociais; 
- Reconhece e analisa as responsabilidades quanto à vivência em redes sociais. 
Essa atividade pode acontecer em apenas uma aula, suprimindo algumas etapas, ou em duas, caso haja disponibilidade.  

Hora de criar! 
Imagine que você já assumiu a aula do componente Tecnologia e é hora de criar a primeira atividade para seus estudantes. Com base no plano de aula apresentado pelo Professor Marcelo, crie essa atividade! Que tal já pensar numa metodologia ativa?  
Consulte os registros realizados até este momento do curso, talvez você encontre alguma ideia de atividade. 

Avaliação e desenvolvimento de competências socioemocionais
Agora que você conheceu o plano de aula produzido pelo professor Marcelo, observe a dica que ele dá sobre a proposta de avaliação e o trabalho para o desenvolvimento de competências socioemocionais.
"Então, se eu tiver um plano de aula bem elaborado, que possibilite diferentes atividades, diferentes momentos de aprendizagem, eu vou conseguir fazer uma avaliação mais adequada, eu vou conseguir fazer o monitoramento e vou conseguir fazer também a recuperação contínua desse aluno.
Então a importância de eu sempre estar pensando em que metodologia de ensino eu estou utilizando com os meus alunos, porque plano de aula, metodologia e avaliação estão inter‐ relacionadas, uma depende da outra. 
Um bom exemplo de avaliação está dentro do próprio processo de aprendizagem, dentro da própria sequência didática, da sequência de atividades que o professor propõe.
É importante também que o professor incorpore, nos seus planos de aula, na sua sequência didática, atividades que trabalhem as habilidades socioemocionais. Trabalhar temas utilizando as mídias digitais, criar uma sequência de atividades onde os alunos trabalhem a empatia (se posicionar, se colocar no lugar do outro) e depois criarem cartazes ou campanhas de ajuda junto a comunidade ou a população."

Dica! 
Que tal exercitar o P de Paixão e se conectar mais profundamente com os temas explorados neste curso e compartilhar com os seus colegas as práticas, intencionalidades e resultados obtidos aqui? Proponha uma roda de conversa e conte sobre as reflexões que este curso tem despertado em você e as práticas que você exercitou. Veja algumas sugestões de temas para nortear as rodas de conversa:  
- conhecer diferentes experiências com tecnologia e metodologias ativas; 
- compartilhar atividades com imagens e relatos; 
- desenhar e remixar atividades; 
- apoiar iniciantes em tecnologia nos seus primeiros passos.