sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Conhecendo adolescentes e jovens na sua multidimensionalidade

Abertura: estudantes e professores  
Neste tema, vamos conhecer adolescentes e jovens na sua multidimensionalidade. Isso significa entender melhor características e mudanças que acontecem com eles nessa fase da vida, por meio das dimensões:  

Física e biológica  
Quais transformações acontecem no corpo, o que isso significa e os impactos no comportamento e na atitude na escola.  

Neurológica e cognitiva  
Como se dá o desenvolvimento cerebral e cognitivo nessa fase e as implicações disso.  

Sociocultural  
Questões relacionadas à inclusão, à diversidade, à desigualdade, influências, temas de interesse.  

Socioemocional  
As diferenças de tempo entre o desenvolvimento cognitivo e o emocional e as ações impulsivas.

Sobre a multidimensionalidade  
Para ampliar um pouco mais esse universo e nos localizar melhor nos conteúdos que serão mostrados nas próximas páginas deste curso, vamos apresentar a seguir algumas definições.  

O que significa adolescência?  
“Adolescere é uma palavra latina que significa crescer, desenvolver-se, tornar-se jovem.”  
Luisa Fernanda Habigzang, Eva Diniz, Sílvia H. Koller (2014) 

Mais que uma fase, a adolescência é um longo processo em que acontecem várias modificações físicas, psicológicas e sociais que podem se transformar em oportunidades para o desenvolvimento. Essa visão, ao superar o estigma que considera o adolescente como “aborrecente”, abre perspectivas construtivas sobre essa fase da vida.  
Segundo a pesquisa Adolescentes, realizada pelo Projeto Faz Sentido com adolescentes de 12 a 16 anos do Ensino Fundamental Anos Finais,  

“Hoje, no Brasil, a maioria dos estudos realizados sobre os jovens estão deslocando o olhar de uma adolescência definida como uma fase caracterizada por mudanças físicas e hormonais para uma concepção mais voltada às características sociais e econômicas. Esse deslocamento tira, inclusive, a sua ênfase por limitações etárias”.  

O que é ser jovem?  
Há uma série de fatores que influenciam na construção da juventude, mas todos eles estão relacionados especialmente a duas concepções complementares, definidas na pesquisa Juventudes e Ensino Médio, realizada pelo Projeto Faz Sentido:

Juventudes  
O plural, que indica a multiplicidade de formas de ser jovem e a transversalidade de fatores como gênero, orientação sexual, raça/etnia, classe social, assim como o território em que vivem os jovens ou as configurações comunitárias nas quais são socializados. Pensar em juventudes significa compreender, por exemplo, que os desafios da jovem negra, do jovem indígena, de jovens refugiadas, de jovens quilombolas, de jovens dos centros urbanos ou de áreas rurais podem ser muito diversos entre si.

Juventude  
O singular, que dialoga com essas diferentes formas de viver a juventude, mas que define uma espécie de experiência comum do que é ser jovem. É necessário levar em conta as particularidades da condição juvenil, o que permite que os jovens, ainda que diferentes, se identifiquem como tal.

Discussão sobre o tema  
Nascer para o mundo 
Segundo a psicanálise, o adolescente viveria uma Crise de Desestruturação e Reestruturação da Personalidade na Adolescência. A desestruturação é provocada pelas perdas com relação ao seu corpo, aos seus pais e ao seu papel sociocultural, experimentadas a partir da pré-adolescência; e o eixo central da reestruturação é o processo de elaboração dos LUTOS gerados pelas três perdas fundamentais desse período evolutivo.  

1. Perda do corpo infantil 
Muita ansiedade devido às transformações corporais a partir da puberdade. Reformulação de seus mundos interno e externo. Restrições familiares e sociais sem explicação e propósito chegam a causar retardo em seu crescimento e nas funções sexuais naturais próprias dessa fase.  

2. Perda dos pais da infância 
Os pais, antes idealizados e supervalorizados, passam a ser alvo de críticas e questionamentos. O adolescente busca figuras de identificação fora do âmbito familiar. Nesta fase, se caracteriza a dependência/independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa; identidade familiar substituída pela individual.  

3. Perda da identidade e do papel socioemocional familiar 
Da relação de dependência natural segue-se uma confusão de papéis. Não é mais criança nem é ainda um adulto. Dificuldades em se definir na sua cultura. Anseia por independência, sente-se inseguro, temeroso, apoia-se no grupo, distancia-se dos pais permitindo novas identificações.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 73. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Fases da adolescência
Fase inicial 10 a 14 anos 
1. Adolescência é ter mais maturidade e responsabilidades.  
2. Expectativa de ter mais liberdades e experimentar coisas que ainda não experimentou.  
3. Etapa da vergonha, mais proximidade com crianças. Adultos são seres estranhos.  
4. Mais resguardados pelos pais, que cobram e acompanham mais na escola.

Adolescência 
1. Se veem encrencados quando têm que ir para a diretoria.  
2. Mais casa e escola (amigos na escola); menos autonomia para saírem sozinhos.  
3. Adolescência é ter rebeldia e experimentar o máximo possível.  
4. Destemidos, não temem mais diretoria, professores ou pais. Já testaram muitos limites.  
5. Aceitam mais facilmente os limites, contestam menos.  
6. Quanto mais lúdicas as disciplinas, melhor (pintar, jogar, manusear, trabalho de campo).  
7. Já possuem mais autonomia e experiências, se deparando com algumas frustrações tanto com pessoas quanto com o mundo.  
8. Mais interações na rua e com os amigos e pares.

Fase final 14 a 19 anos 
1. Com identidade mais definida, estão mais à vontade entre os iguais.  
2. Muito questionadores, testam limites o tempo todo.  
3. Mais liberdades concedidas pelos pais, que passam a cobrar menos o desempenho escolar.  
4. Diminui interesse na escola, as disciplinas não fazem sentido.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 74. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Fases da adolescência e desenvolvimento neurológico
Fase inicial: 10 a 14 anos 
1. É normalmente nessa fase que começam as mudanças físicas, geralmente marcadas por uma aceleração repentina do crescimento, seguida pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais e das características sexuais secundárias.  
2. As células cerebrais podem praticamente duplicar o seu número no espaço de um ano, enquanto as redes neurais são radicalmente reorganizadas, causando um impacto sobre a capacidade emocional, física e mental.  
3. O início da adolescência também é caracterizado por mudanças internas profundas. O cérebro, por exemplo, passa por uma grande aceleração elétrica e fisiológica.  
4. O amadurecimento físico e sexual mais adiantado da menina, que, em média, entra na puberdade de 12 a 18 meses mais cedo do que o menino, reflete-se em tendências semelhantes no desenvolvimento cerebral.  

Adolescência 
1. O lobo frontal (parte do cérebro que governa o raciocínio e as tomadas de decisão) começa a se desenvolver durante a fase inicial da adolescência. Como esse desenvolvimento começa mais tarde e é mais prolongado nos meninos, sua tendência a agir de forma impulsiva e a pensar de forma acrítica permanece por mais tempo do que nas meninas.  
2. Nessa fase, as principais mudanças físicas já ocorreram, embora o corpo ainda se encontre em desenvolvimento. O cérebro continua a desenvolver-se e a reorganizar-se, e a capacidade de pensamento analítico e reflexivo é bastante ampliada.  
3. No início dessa fase, as opiniões dos membros do seu grupo ainda são importantes, mas essa influência diminui à medida que o adolescente adquire maior clareza e confiança em sua própria identidade e em suas opiniões.  
4. Esse fenômeno contribui para difundir a percepção generalizada de que as meninas amadurecem mais cedo do que os meninos.  

Fase final: 14 a 19 anos 
1. A atitude de enfrentar riscos diminui na fase final da adolescência, à medida que se desenvolve a capacidade de avaliar a situação e de tomar decisões conscientes.  
2. É durante essa fase que os adolescentes ingressam no mundo do trabalho ou avançam em sua educação, estabelecem sua identidade, sua visão de mundo e começam a participar ativamente na organização do espaço ao seu redor.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 75. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

A plasticidade do cérebro durante a adolescência 
Durante a adolescência, o cérebro é particularmente sensível às experiências e às trocas com o ambiente. Estudos recentes de neurociência mostram que o cérebro do adolescente passa por uma reorganização: conexões entre neurônios se desfazem para que surjam novas; e a forma como são estimulados pode favorecer que determinadas conexões sejam feitas, sejam elas positivas ou não. Essa reorganização ainda pode explicar certos comportamentos típicos da adolescência, como a busca por experiências intensas, que muitas vezes acontecem independente da vontade deles.  

Compreender as transformações pelas quais o cérebro do adolescente passa pode ajudar pais e educadores na forma como respondem e apoiam o desenvolvimento dele. Nesse sentido, três sistemas que sofrem grande plasticidade durante esse período podem explicar alguns comportamentos típicos.

Recompensa (prazer)  
A dopamina é uma substância que dentre diversas funções, é responsável por sinalizar experiências de prazer. É o aumento da dopamina que, por exemplo, nos faz desejar e ir atrás de determinadas coisas como dinheiro e sexo. Durante a adolescência o número de receptores dessa substância aumenta drasticamente, fazendo com que os adolescentes sejam muito mais responsivos e ativos na busca de atividades que os façam sentir prazer. Isso faz com que os estudantes do Fundamental II sejam mais sensíveis a esse estímulo. Educadores e pais devem saber que é mais fácil mudar o comportamento do adolescente o motivando para buscar uma recompensa do que ameaçando com punições. Infelizmente, isso os faz também mais suscetíveis ao álcool e às drogas, uma vez que as moléculas dessas substâncias se assemelham à da dopamina, elas se conectam aos receptores causando a mesma sensação de prazer.

Regulador  
Durante a puberdade, o sistema de autocontrole também passa por uma reorganização, e isso faz com que o adolescente esteja mais propenso ao comportamento de risco. Apesar de parecer irracional em alguns momentos, ele já consegue compreender e julgar, quase tão bem como os adultos, que determinadas ações podem ter sérias consequências. No entanto, devido às transformações no sistema regulador, os adolescentes têm a capacidade de controlar seus impulsos reduzida. A propensão pelas atividades arriscadas também se explica pela hipersensibilidade. As sensações de prazer são mais intensas devido ao aumento dos receptores de dopamina no cérebro. Por isso, eles têm dificuldade em adiar atividades que os tragam algum tipo de recompensa e prazer imediatos. De acordo com o neurocientista Laurence Steinberg, a capacidade de autorregulação talvez seja a característica mais importante para o sucesso social, realização e saúde mental. Por isso, pais e educadores devem ajudar os adolescentes a desenvolverem o controle sobre o que pensam e sentem. A escola deve ser um ambiente seguro que cria oportunidades para esse tipo de desenvolvimento.

Relacionamento (como interagimos com outras pessoas)  
O adolescente também está desenvolvendo seu cérebro social, e isso explica o fato de eles serem muito vulneráveis ao que outras pessoas pensam a seu respeito. Mais que em qualquer outro momento da vida, ele sofre muito ao ser rejeitado. Um adolescente tem, por exemplo, muito mais sensibilidade que um adulto para perceber emoções nas outras pessoas. Segundo Laurence Steinberg (2015), quando um adulto grita com um adolescente, esse adolescente provavelmente vai prestar mais atenção no grito ou na raiva que esse grito transmite do que nas palavras. Os adolescentes têm um comportamento especial quando estão na presença de seus pares. No livro Age of Opportunity, Steinberg destaca que adolescentes são mais propensos a ter comportamento de risco quando sabem que amigos estão por perto. Pais e educadores devem estar atentos e evitar momentos em que adolescentes estejam reunidos sem a mediação de um adulto.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 24-25. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Juventude e políticas públicas 
1. Etapa problemática ou risco social 
Esta concepção vê o sujeito jovem a partir dos problemas que ameaçam a ordem social. Pauta-se nos comportamentos considerados de risco, como envolvimento com a violência, criminalidade e gravidez na adolescência. No Brasil, esse foi o enfoque predominante nas ações governamentais dos anos 1980 e 1990, que se concentraram em programas nas áreas da saúde e da segurança pública. Tais ações tinham como objetivo ocupar o tempo livre dos jovens e eram direcionadas para públicos com características de vulnerabilidade, risco ou transgressão (ABRAMO, 2005).  

2. Período preparatório 
Nesta abordagem, a juventude é entendida como um período de transição entre a infância e a vida adulta. Porém, esse modo de ver a juventude traz algumas implicações, uma vez que a transitoriedade tem como característica a indeterminação, isto é, os sujeitos jovens não são mais crianças, mas ainda não são adultos. Os jovens são, portanto, desqualificados e definidos pelo que não são. Esta abordagem desconsidera a juventude como portadora de conhecimentos e vivências anteriores. Além disso, passa a ideia de um mundo adulto estável, para o qual se deve preparar.  

3. Juventude: futuro do país 
Esta perspectiva deposita na juventude a resolução dos problemas de exclusão social e de desenvolvimento do país. Aposta em uma contribuição construtiva dos jovens para a solução dos problemas que afetam as comunidades em que vivem, porém ignora as suas necessidades e demandas. No Brasil, esse enfoque foi muito difundido nos anos 2000, por meio das agências de cooperação internacional, organismos multilaterais e fundações empresariais.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 13. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Construção da identidade 
Identidade é, sobretudo, uma construção, tanto do que se é quanto do que se quer ser.  
A criação da identidade enquanto processo particular envolve:  
- Reconhecer-se. 
- Coordenar as próprias ações. 
- Dar coerência à própria existência, descobrir propósitos e agir de acordo com eles. 

A identidade é construída a partir da relação que estabelecemos com os outros, isto é, só é possível reconhecer quem somos, quais são as nossas características, as nossas inclinações, à medida que interagimos com os nossos pares.  
Durante a juventude o processo de construção da identidade se intensifica. É nesse período da vida que os jovens experimentam o mundo social além das fronteiras familiares e precisam lidar, pela primeira vez, com as convocações sociais para que assumam a sua identidade.  
A todo momento os jovens são impelidos a lidar com novas e múltiplas convocações de identidade, sendo necessário elaborar, pela primeira vez, suas respostas para elas. Portanto, não existe uma identidade estável ou fixa, mas sim processos de “identificação e desidentificação”, que dão contornos às subjetividades de cada um ao longo da vida.  
Desse modo, eles podem se identificar com determinado grupo étnico-racial, religioso, com determinada orientação sexual e, com o avançar dos anos, construir novos pertencimentos, como identificar-se com outra comunidade religiosa. 
Ao longo desse processo de identificação e desidentificação os jovens fortalecem e sustentam suas capacidades de reconhecer-se enquanto sujeitos. É também durante a juventude que os jovens começam a ganhar maior autonomia em relação ao mundo dos adultos e cobra-se deles que tenham maior capacidade de autocontrole e autorregulação e que coordenem suas próprias ações. Porém a aquisição dessas capacidades ocorre por meio de um processo contínuo de aprendizagem que se dá ao longo da vida e que não tem fim, pois nunca se alcançará o ápice – isto é, o ponto no qual os sujeitos são capazes de controlar, regular e coordenar as suas ações de modo pleno e regulado.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 31-32. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Construção de identidade e contexto social 
A época, o espaço, as relações econômicas e sociais e tantos outros fatores da vida de cada jovem contribuem para que ele se entenda como indivíduo.  
A experiência de construir identidade e propósito quando se é uma jovem negra periférica é bastante diferente da experiência de um jovem branco de classe média, por exemplo. Além da desigualdade social e de gênero, as novas gerações podem experimentar mais angústia em relação a essa busca, uma vez que vivem em um momento de alta produção de informações e referências de todo tipo – que expõem um universo muitas vezes caótico e contraditório.  
Para o psicanalista Erik Erikson, rituais sociais que costumam marcar a entrada na idade adulta, como a escolha da área profissional no ensino escolar, facilitam a preparação para a conquista de novos papéis na sociedade. Por outro lado, um contexto social não estruturado pode levar a uma crise de identidade.  

A pressão social e estereótipos  
A falta de estrutura e as constantes mudanças no contexto histórico são desafios para o jovem do século XXI. Ao mesmo tempo, os estereótipos criados a seu respeito também não ajudam. Além dos estereótipos clássicos sobre raça/etnia, gênero, orientação sexual, juventude rebelde, existe outra ideia bastante reproduzida de que ser jovem é apenas uma preparação para ser adulto. Ao tratar essa fase como mera passagem, uma transição, é negado ao jovem o direito de viver plenamente o presente.  

Apoio e empatia  
Segundo Erikson, o processo de construção da identidade depende da confiança do jovem em si próprio e nas outras pessoas. O reconhecimento da sua personalidade pelos outros é peça-chave para a formação da identidade. Vale lembrar, no entanto, que identidade está sempre – e não só durante a juventude – em construção.  
É preciso romper com estigmas e mitos para ajudar os jovens a encontrar o que existe de mais verdadeiro em si mesmos. A partir disso, eles começarão a construir o seu projeto de vida.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 36-38. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Ampliação das relações sociais 
A juventude é uma fase de ampliação das relações sociais além dos limites da escola e da família. Esses dois espaços continuam sendo referências importantes, mas são complementados por outros, como comunidades religiosas e grupos reunidos por temas de interesse, como práticas artísticas, práticas esportivas e movimentos sociais de causa.  
É uma fase em que a busca por aprovação dos seus semelhantes (outros jovens) é essencial.  

O que diz a neurociência?  
É por razões evolutivas que os jovens costumam dedicar mais tempo aos seus colegas e menos aos pais e outras figuras de autoridade, como professores. Como outros jovens serão seus companheiros de fato na maturidade, a natureza incluiu no cérebro jovem uma propensão por buscar amigos, relacionar-se com parceiros e participar de grupos dos seus pares como preparação para a vida adulta. (Fonte: ARMSTRONG, 2016)  
Mas os adultos também são referência muitas vezes. A tendência de estar mais próximo dos colegas não quer dizer que as relações com adultos não são importantes. Em algumas situações, as opiniões de adultos de referência podem inclusive ser consideradas mais confiáveis do que as de outros jovens.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 101-102. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Relações afetivas 
A adolescência é um período marcado pela aproximação aos pares e, de acordo com a psicologia, construir relações de amizade saudáveis e positivas é fundamental para o desenvolvimento afetivo e de habilidades sociais na adolescência, além de sedimentar as bases para os relacionamentos na vida adulta. Um dos motivos dessa aproximação entre amigos seria a busca por suporte e acolhimento na luta contra a angústia e a solidão típicas da fase. 
É nesta fase que tendem a ocorrer as primeiras relações amorosas. Os adolescentes vivem com intensidade a novidade dessas paixões, bem como suas possíveis desilusões e consequências.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 105-106. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Desenvolvimento físico 
No campo sexual, a adolescência começa na puberdade, período de rápido crescimento físico e iniciação da maturidade sexual, que termina quando o indivíduo se torna capaz de se reproduzir. Como colocamos na introdução, é também durante esse período que os sistemas de regulação e recompensa se reorganizam, fazendo com que os adolescentes estejam sempre em busca de experiências que tragam prazer. Porém, por terem uma baixa capacidade de autorregulação, acabam se colocando constantemente em situações de risco (sexo sem proteção).  
De acordo com o neurocientista Lawrence Steinberg em seu livro Age of Opportunity, a maior parte dos programas de educação sexual foca em levar conhecimento para os adolescentes, não em mudar seu discernimento. Infelizmente, informação não é suficiente para impedir o comportamento de risco. Os programas seriam mais eficientes se, além de informar, ajudassem os adolescentes a desenvolver sua capacidade de autorregulação e a reduzir o comportamento de risco (nesse caso, transar sem proteção).  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 87. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Saiba mais 
Para saber mais sobre adolescentes e jovens no Brasil, acesse a íntegra do estudo a seguir, disponibilizado no site do Projeto Faz Sentido.  

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