sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Adolescentes e jovens e suas potencialidades

Abertura: estudantes e professores  
Aqui neste tema, vamos falar sobre a importância da participação dos adolescentes e dos jovens na vida escolar e o que isso significa para potencializar a aprendizagem e a formação cidadã, sob vários aspectos.  
- O estudante como agente do seu próprio desenvolvimento. 
- O estudante como protagonista no cotidiano da escola e da prática pedagógica. 
- Educação entre pares.

Sobre as potencialidades  
Os vídeos nos mostram um painel sobre o potencial que a participação dos adolescentes e dos jovens nos processos e decisões escolares pode contribuir para transformar a vida deles e a própria escola.  
Esses desejos também estão relacionados ao cenário atual em que os adolescentes e os jovens vivem.  
Os adolescentes e os jovens brasileiros nasceram em um cenário bastante diferente daquele dos seus professores, depois da redemocratização do país, em um ambiente de rápido desenvolvimento tecnológico e que presenciou grandes manifestações políticas, tanto no Brasil quanto em outros países, por direitos e pela qualidade da educação.  
O espaço que a escola se acostumou a oferecer para a participação pode variar bastante de uma para a outra. Às vezes esse espaço é aberto de forma esporádica, ou por causa da demanda de alguém ou apenas para uma atividade específica.  
Para mudar isso, a escola precisa encontrar novas práticas que tornem essa participação presente e efetiva em todos os processos e espaços do cotidiano escolar, de forma a envolver os estudantes nos processos decisórios. Isso vai desde o currículo e a gestão escolar até a relação com a comunidade ou avaliação, por exemplo.  
Para conhecer um pouco mais esse panorama, acesse os itens sobre os temas a seguir extraídos dos estudos do Projeto Faz Sentido e do portal Porvir. Caso queira se aprofundar, consulte a íntegra dos materiais nos links do Saiba mais.  

Atenção 
Defender e reforçar a participação dos adolescentes e dos jovens amplia o engajamento, promove a aprendizagem e ajuda a melhorar a escola e a sociedade de forma geral.

Participar é um direito democrático 
A participação, além de ser a essência da democracia, é um direito de todo cidadão brasileiro, garantido pela Constituição de 1988.  
O direito à participação também está no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990. O Art. 53º, inciso IV assegura “o direito dos estudantes de se organizar e participar de entidades estudantis”.  
Permitir que os jovens participem da tomada de decisão na escola é um exercício de cidadania para todos. Isso é o que chamamos de gestão escolar democrática. Essa abordagem promove a educação como formação humana mais ampla, já que garante a participação, o acesso às instâncias de poder e o pluralismo de ideias.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 70. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019.)

Protagonismo coletivo e participação 
Partindo da realidade brasileira, é importante considerar que o estímulo à participação de adolescentes ocorre em meio a uma sociedade que coloca as necessidades individuais em primeiro lugar, aspecto que pode divergir da lógica participativa. Nesse sentido, a escola pode ter um importante papel para ajudá-los a desenvolver habilidades que serão relevantes no mercado de trabalho. É uma forma de se conectar às realidades dos estudantes.  
3 condições para que iniciativas de participação sejam valorizadas por jovens e adolescentes:  
1. Possibilitar a ação em contextos próximos e na vida cotidiana, para que sejam vislumbradas mudanças concretas nos espaços conhecidos.  
2. Que os métodos e os objetivos da atividade estejam claros, para que se possa aprender a participar e, até mesmo, modificar a proposta inicial.  
3. Levar em consideração as condições sociais e psicológicas de crianças e adolescentes, para que eles reconheçam tal contexto como de participação.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 33. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Por que é importante participar 
8 razões para envolver estudantes nas decisões sobre seu aprendizado e sua escola.  
1. Amplia reconhecimento do valor da educação: Um estudante que tem opinião e direitos respeitados e que assume responsabilidades perante colegas e comunidade escolar passa a se sentir acolhido dentro da escola e valoriza a educação.  
2. Promove aproximação entre o conhecimento e o estudante: Ao se tornar ativo na construção de seu conhecimento e influenciar a maneira como aprende, o estudante tende a se identificar mais com o conteúdo, que ganha novos sentidos e contextos que respondem a seus interesses e seu projeto de vida.  
3. Desenvolve habilidades para a vida: A participação coloca o estudante em situações que envolvem trabalho em grupo, planejamento, construção de acordos e autoria de projetos. Durante o processo, que deve acontecer de maneira autêntica para resolver problemas da escola ou da comunidade, os estudantes desenvolvem habilidades como resolução de problemas, colaboração e empatia.  
4. Melhora a autoestima e a autoconfiança: A participação positiva nas instâncias de decisão dentro da escola proporciona o reconhecimento pelos colegas e pela equipe gestora, o que impacta na autoestima e na autoconfiança.  
5. Amplia o respeito a individualidades: A abertura ao diálogo ajuda professores e gestores a entender como os estudantes aprendem, bem como ter um retorno sobre suas práticas. Quando escutam e interagem com os estudantes, educadores conseguem oferecer oportunidades educativas conectadas com seu potencial, suas limitações, seus interesses e suas necessidades.  
6. Facilita a resolução de problemas: O contato próximo e fluído entre gestor, professor e estudante facilita a troca de informações constantes e a resolução de problemas da escola. O ambiente democrático também é propício à mobilização de conhecimentos, parceiros e recursos que ajudam a superar desafios da escola.  
7. Contribui para um clima escolar positivo: Quando a equipe gestora compartilha com estudantes a mediação de conflitos e a discussão de soluções, criam-se alternativas ao punitivismo e um ambiente propício ao bom relacionamento entre estudantes, professores, funcionários e gestores.  
8. Fortalece a democracia: Ao se envolverem em processos democráticos dentro da escola, jovens desenvolvem a cultura da participação e também se engajam em ações de transformação da sociedade.  
(Fonte: Porvir – Participação dos estudantes na escola: por que é importante participar)

Identidade, reconhecimento e representatividade 
Identidade 
- A identidade é um processo de construção do que se é e do que se quer ser.  
- A construção da identidade vai além do particular. Ela acontece também de forma coletiva.  
- E isso de forma muito intensa na juventude é acompanhado de uma busca por reconhecimento.  

Reconhecimento 
- O filósofo e autor canadense Charles Taylor diz que a formação das identidades depende do reconhecimento dos outros.  
- Então, se um indivíduo ou grupo social não é reconhecido, a construção da sua identidade fica comprometida. Na prática, isso faz com que alguns grupos se sintam inferiores ou menos importantes de acordo com a sua identidade. O resultado é a opressão e a exclusão social.  

Representatividade 
- Representatividade significa representar politicamente os interesses de um grupo, de uma classe ou de uma nação. Isso acontece por meio da ação, adesão e participação dos representados. Uma pesquisa do portal Porvir chamada “Nossa Escola em Reconstrução” ouviu 132 mil jovens e revelou que eles gostariam de ter mais voz no ambiente escolar. 65% dos estudantes acreditam que não pode faltar participação na escola dos sonhos, como grêmio estudantil, conselho escolar e integração professores-pais-estudantes.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 64, 65 e 67. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019.)

Participação e representação juvenil na escola 
Respeitar os direitos fundamentais dos jovens é promover a formação cidadã e o desenvolvimento integral dos estudantes.  

Espaços verticais e horizontais  
- Entre os modelos de participação estudantil, existem espaços verticais, que são institucionalizados, ou seja, fomentados pela escola para a representação e a participação dos estudantes. Por exemplo, grêmios e conselhos escolares. Há também espaços horizontais, que surgem dos próprios jovens, como a formação de coletivos autônomos e grupos de interesses específicos. Cabe aos educadores promover um espaço de diálogo e acolhimento para essas diferentes vozes e expressões dentro da escola.  

A escola é um espaço de inclusão, expressão e sociabilidade  
- Nesse processo, a participação dos estudantes é essencial.  
- Na medida em que tomamos a democracia como valor e a participação social como fundamento, a construção de uma gestão democrática na escola passa pelo reconhecimento e fortalecimento da representatividade juvenil .

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 69. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019.)

Questionar é amadurecer 
A adolescência é o momento em que, como parte do seu amadurecimento, o adolescente questionará as normas estabelecidas, uma vez que já dispõe de um mínimo de experiência de vida e conta inclusive com a ajuda da escola na formação de seu repertório crítico. Ele fará o exercício de avaliar tudo o lhe foi ensinado e imposto: certo, errado, bom, ruim, justo, injusto, ético, não ético, moral, imoral, existe ou não existe. Nesse processo, é previsível que surjam conflitos decorrentes da percepção das incoerências entre os discursos e a realidade à sua volta.  

Embora estejam exercitando o tempo todo a crítica e tecendo opiniões sobre o entorno, há uma queixa de que são muito pouco escutados e de que, a cada erro que cometem, são repreendidos com pouca consideração. Ao mesmo tempo, fazem uma autocrítica em relação ao seu comportamento e compram um discurso, muitas vezes negativo, sobre a adolescência.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 113-114)

Consumo de conteúdo opinativo 
Quando analisamos os conteúdos que os adolescentes consomem, seja na internet, em livros e revistas ou na televisão, fica evidente que boa parte desse conteúdo é de caráter opinativo, ou seja, de pessoas ou publicações dando opiniões sobre temas relevantes aos adolescentes.  
É marcante o alto consumo que os adolescentes fazem de canais do YouTube. Há uma série de youtubers que estão na ponta da língua dos adolescentes, e de fato alguns se transformam em verdadeiras celebridades. São principalmente os adolescentes que fazem parte do número impressionante de assinantes desses canais:  
Eu Fico Loko, 2,1 milhões;  
5inco Minutos, 4,5 milhões;  
Invento na Hora, 2 milhões;  
Depois dos 15, 600 mil.  

Além do humor, uma característica fundamental de seu sucesso é o caráter opinativo de boa parte de seus vídeos e a linguagem direta com que falam sobre as coisas do mundo: eles “dão a real”, sem formalidades ou preocupações, e assim conseguem estabelecer uma profunda conexão com os adolescentes, transformando-se nos cronistas dessa geração.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 115-116. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Construir o diálogo na escola como prática e reflexão 
Por causa dos desafios de uma vivência cada vez mais coletiva nas grandes cidades e a necessidade de soluções cada vez mais multidisciplinares aos problemas contemporâneos, o diálogo cresce em importância e ganha valor de disciplina. Escolas próprias para o ensino do diálogo se consolidam, como a Escola de Diálogo de São Paulo.  
A ideia é usar o diálogo como prática para resolver conflitos, trabalhar em equipe, viver em comunidade de forma mais harmônica, relacionar-se de forma mais empática com todos os agentes do processo educativo.  
Na escola, a oportunidade é abrir espaço para o diálogo e conduzir o ensino a partir dessa orientação, uma vez que já há inúmeras iniciativas fora da escola como as chamadas Escolas do Diálogo, que podem ser fonte de inspiração.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 119-120. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Aproveitar e impulsionar a criatividade 
Nesta fase da vida, os adolescentes que ainda não trabalham, mas que frequentam a escola, possuem uma boa margem de tempo livre, embora seja comum que ajudem nas tarefas de casa nesses momentos vagos.  
As atividades realizadas poderão estar mais conectadas ao universo infantil do brincar ou ao universo adulto, ou ainda a interesses individuais de cada um e ao desejo de sociabilização e experimentação comuns nessa etapa da vida.  
O que é universal é que, independentemente da atividade, ela tende a ser conduzida pela imaginação e os momentos de ócio podem ser estimulados criativamente.  

Humor e Memes 
- Os adolescentes demonstram uma grande capacidade criativa, que se manifesta em grande parte por meio do humor: imitar outros, fazer piadas, criar “zueiras” constantes. O potencial criativo dos adolescentes manifesta-se de forma dispersa, abrindo espaço para a canalização desse potencial para outras propostas além do humor.  
- A cultura dos memes estimula ainda mais a criatividade dos adolescentes pela facilidade de produção de novas imagens para serem compartilhadas. Ícones de memes são gerados e releituras são feitas a partir deles, multiplicando as possibilidades criativas, que os adolescentes exploram continuamente.  

Meios de produção digital acessíveis 
- Os adolescentes estão imersos em inúmeras possibilidades de produção digital completamente acessíveis a eles por meio de softwares e aplicativos gratuitos, ou mesmo pela pirataria ou pela acessibilidade de softwares pagos.  
- Do celular ao computador, os adolescentes estão acostumados a tirar fotos, gravar vídeos e editá-los.  
- As redes sociais estimulam ainda mais a produção digital na medida em que uma solução criativa tem grandes chances de ser compartilhada.  

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 149-152. Disponível em: http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.)

Saiba mais 
Para saber mais sobre a participação de adolescentes e jovens nos espaços escolares e sobre conteúdos relacionados a esses temas tratados aqui, acesse os estudos a seguir.  

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